Entrevista de João Borrego, Técnico principal da Equipa de Seniores ao Jornal Nova Guarda
“As minhas ambições enquanto treinador, neste momento, não têm limites”
Técnico natural da Mêda, João Borrego alcançou mais um feito importante na sua carreira com a subida da equipa por si treinada, o Sanjoanense, à divisão de Honra da Associação de Futebol de Lisboa
Nova Guarda (NG) – Qual é a sensação de ter alcançado mais um feito na sua carreira, o da subida do Sanjoanense à divisão de Honra?
João Borrego (JB) - A sensação do dever cumprido, com uma alegria enorme alargada a todo o grupo de trabalho, onde felizmente conseguimos uma dinâmica de vitória que nos levou ao sucesso, dois anos consecutivos aqui no Sanjoanense. Foi muito importante para todos nós, enquanto grupo coeso, amigo, determinado onde alguns de nós somamos a terceira subida consecutiva, algo que nos deixa orgulhosos, mas também com maiores responsabilidades para o futuro onde as exigências vão ser ainda maiores, onde temos que ser ainda mais exigentes a todos os níveis acreditando que quando se trabalha com qualidade a recompensa aparece normalmente.
NG – Esperava atingir este título?
JB - Para ser sincero, esperava. Desde o primeiro dia de trabalho que incuti esse objetivo ao grupo de trabalho. Sabia que ia ser difícil pois uma equipa com jogadores de 19/20 anos, praticamente na sua totalidade, não tinha experiencia de distritais pois eram jogadores com grande experiencia nos escalões jovens nacionais, tendo sido campeões comigo no Odivelas Futebol Clube na 2ª- divisão Nacional de Juniores onde vencemos a 1ª e 2 ª fases que deu acesso a subida à 1ª Divisão Nacional da categoria. Por tudo isto esperava conseguir este feito, não foi fácil, mas com trabalho, organização, competência, liderança e determinação conseguimos mais um feito inédito neste clube, pois vai ser a 1ª vez que vai participar na divisão de Honra da A.F. de Lisboa.
NG – Que balanço faz da prova?
JB - Foi efetivamente um campeonato muito forte, com 6/7 equipas a lutar pela subida, muitas delas com jogadores de craveira acima da média e onde qualquer equipa poderia ganhar em qualquer campo. Apesar de tudo o que nos aconteceu, com lesões de jogadores importantíssimos, conseguimos os objetivos traçados pois construímos um plantel homogéneo com bastante qualidade técnica, forte física e mentalmente, onde a união do coletivo tem sido a principal arma do sucesso desta equipa até ao momento. A principal carência é a ausência de um verdadeiro ponta de lança (homem de área, que finaliza algumas das enumeras oportunidades criadas em cada jogo), mesmo assim fomos o melhor ataque com 80 golos marcados e a melhor defesa com 30 golos sofridos. A equipa tem mostrado enorme capacidade de progressão, assimilando os conteúdos de jogo de uma forma capaz e satisfatória, não querendo dizer com isto que o caminho está terminado. Temos incentivado os atletas a melhorar a cada dia que passa, só assim seremos melhor no futuro.
NG – Que ambições tem como treinador?
JB -As minhas ambições enquanto treinador, neste momento, não têm limites. Procuro ser melhor todos os dias, para, quem sabe, num futuro próximo poder chegar a ser um treinador profissional de topo sabendo que não é fácil derivado à minha profissão, pois já tive alguma propostas para divisões, mas não consegui conciliar derivado ao meu horário de trabalho.
NG - Conte-nos um pouco do funcionamento do Sport Clube Sanjoanense?
JB - Na minha opinião os valores e referências continuam a ser uma base de sustentação como homem e como treinador, respeitando aquilo que é proposto pelos órgãos máximos (presidente, direção), achando que os diretores devem dirigir, os treinadores devem treinar e os jogadores devem jogar, se tudo isto se concretizar é tudo muito mais fácil. Relativamente à organização de um clube, como treinador é minha obrigação conhecer o seu funcionamento, os seus departamentos os seus objetivos, os seus problemas sociais e estruturais, etc, mas em minha opinião a minha função resume-se ao trabalho diário com os atletas, com vista a potenciá-los tática e tecnicamente, fazendo-os evoluir nos diversos fatores de crescimento, nomeadamente na transmissão de confiança, crença, atitude, disciplina e enorme vontade de lutar pela vitória, com respeito, humildade e determinação, fatores estes que nos engrandecem a todos, tornando assim o clube ainda mais forte.
NG - Quais as maiores diferenças em relação ao distrital da Guarda?
JB - As diferenças são enormes. Para além de estarmos numa zona de grande densidade populacional, logo existe diferença entre quantidade/qualidade de jogadores para assim melhor podermos escolher. Ao nível da formação aqui há uma evolução constante por parte de quem quer evoluir, visto que é mais fácil derivado à proximidade da informação. Ações de formação constantes, metodologia de treino, estágios nas academias. Ao nível da competição ela torna-se ainda mais evidente porque a qualidade é substancialmente maior, não tirando o mérito aos nossos jogadores (Guarda), alguns deles de grande qualidade, mas a interioridade também se paga no futebol e se queremos ser melhores temos que estar ao pé dos melhores.
NG – A quem dedica este prémio?
JB - Este prémio dá-me ainda mais força para trabalhar arduamente todos os dias, mas não mudou nem vai mudar nada na minha maneira de ser e de estar no futebol. Procuro ser cada vez melhor, sempre com humildade, determinação e respeito, fatores estes, que nunca abdicarei enquanto treinador. Agradeço à direção do Sanjoanense pelo reconhecimento do meu trabalho e dedico à minha família em especial ao meu pai que partiu em novembro, mas continua aqui comigo todos os dias e sem ele eu não conseguiria este feito, aos jogadores e a todos os sócios sanjoanenses pois não é fácil ser treinador em nenhuma parte do mundo, mas aqui é dificílimo porque não se pode errar. Temos de agarrar todas as oportunidades para subir os degraus que ambicionamos, pois ao dobrares a esquina não tens dois ou três treinadores, mas sim dois ou três mil à espera de uma oportunidade.
NG - Quais os objetivos traçados para a próxima época?
JB - Esta época já me encontro a preparar a equipa, pois aqui não existem paragens prolongadas, vamos continuar a treinar até à segunda semana de junho, sabendo que para o ano na Divisão de Honra as dificuldades vão ser muito maiores. Quanto aos objetivos passam por realizar uma excelente temporada, se possível voltar a festejar no final da próxima época, pois a vitória está-me no sangue não consigo viver sem ela.
Por: António Pacheco